COR LITÚRGICA: BRANCO
26ª Semana do Tempo Comum - Terça-feira
Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus.
Evangelho (Mt 18,1-5.10)
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo
Mateus.
— Glória a
vós, Senhor.
Naquela hora, 1os
discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos
Céus?” 2Jesus
chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse:
“Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como
crianças, não entrareis no Reino dos Céus. 4Quem se
faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. 5E
quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10Não
desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos
céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
FAZER-SE CRIANÇA PARA O REINO DO CÉU Mt 18,1-5.10
Para entender
melhor a mensagem de Jesus, é interessante criar mentalmente o contexto no qual
aconteceu esta cena. Certamente os discípulos estavam com Jesus na presença de
uma pequena multidão. Imagino Jesus observando o movimento das pessoas, algumas
crianças acompanhando os pais, algumas sentadas, outras inquietas, e todos
esperando o momento em que Jesus começasse a falar. Jesus então deve ter
percebido que alguns discípulos já vinham, há algum tempo, conversando entre si
sobre como deveria ser o Reino dos Céus. Jesus já havia contado várias
parábolas sobre o Reino dos Céus, e já havia incutido neles uma enorme vontade
de entrar neste lugar maravilhoso, onde eles poderiam ficar face a face com
Deus. Agora, o lado humano desses discípulos queria saber qual deles teria
maior lugar de destaque no Reino, qual deles seria o maior de todos. E antes de
fazer a pergunta a Jesus, eles mesmos devem ter discutido bastante sobre isso,
e talvez chegassem até a brigar, antes de chegarem ao ponto de perguntar ao
mestre. Devemos observar que a pergunta que eles fazem a Jesus é: “Quem é o
maior no Reino dos Céus?” O evangelista Mateus não chega nem a dizer qual deles
fez a pergunta, e, além disso, tem o cuidado de “melhorar” a pergunta, pois em
outras passagens da Bíblia, a pergunta é até mais direta: “Quem de nós sentará
ao teu lado no Reino?” O que se pode deduzir disso é que Jesus falava tanto e
tão bem do Reino dos Céus, que os discípulos fariam qualquer coisa para entrar
nele, e com o maior destaque possível!!! A imagem de Reino que eles tinham é a
de um reino da terra, então era nessa linguagem que Jesus poderia explicar. Com
toda a hierarquia de um reino terreno.
Quando
o discípulo fez essa pergunta, Jesus deve ter levado em consideração tudo isso,
deve ter percebido os olhares ao seu redor, e visto que todos esperavam
ansiosos por uma resposta que exaltasse o mais forte, ou o mais inteligente, ou
o mais religioso, ou alguma virtude que eles pudessem discutir quem seria o
mais “virtuoso” ou “qualificado” entre eles. O raciocínio rápido e inteligente
de Jesus tinha que encontrar uma saída que fizesse com que eles parassem de
brigar para ver quem era o maior entre eles, e foi uma saída de mestre a que
Ele encontrou. Chamou uma criança e disse exatamente o oposto do que seus
discípulos estavam preparados para ouvir: “Quem se faz pequeno como esta
criança, este é o maior no Reino dos Céus.” Com isso, Jesus acabou com a
discussão dos discípulos para saber quem seria o maior entre eles, pois agora
eles deveriam buscar serem pequeninos como uma criança. E Jesus ainda
arrematou: “E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que
recebe.” Jesus sabia que seus discípulos o tinham como Filho de Deus e,
portanto, como presença garantida no Reino. Então agora eles teriam que buscar
as qualidades de uma criança, e tratar as crianças como se fosse o próprio
Jesus. Mas poderíamos interpretar “criança” com outra conotação: as pessoas
simples e humildes, de pouca formação religiosa e acadêmica, os excluídos e
marginalizados da sociedade.
Jesus
deu mais uma ordem: “Não desprezeis nenhum desses pequeninos” E depois uma
“ameaça”: “pois eu vos digo que os seus anjos nos céus vêem sem cessar a face
do meu Pai que está nos céus.” Em outras palavras, se eles desprezassem
qualquer pequenino, Deus iria saber na mesma hora, e não iria gostar nada
disso. Portanto, o lugar deles no Reino dos Céus estaria ameaçado!
Hoje
estamos celebrando a memória de Santa Terezinha. Ela nos dá uma explicação
muito simples e fácil de entender as palavras de Jesus: “Ser criança é
reconhecer seu nada, esperar tudo de Deus, como uma criancinha espera tudo do
pai; é não se perturbar com nada, não juntar fortuna” “Ser pequeno é também não
atribuir a si mesma as virtudes que pratica, julgando-se capaz de alguma coisa,
mas reconhecer que Deus coloca esse tesouro na mão de seu filhinho para que se
sirva quando precisar; mas ele pertence sempre a Deus”. “o elevador que deve me
alçar até ao céu são vossos braços, ó Jesus! Para isso, não preciso crescer;
pelo contrário, devo continuar pequena, devo sê-lo cada vez mais”. Para Deus
somos como filhos pequenos e amados, dependentes do Seu amor. Por isso, Ele
coloca os anjos em nosso auxilio. Aquele que se compreende pequeno, pecador,
ovelha fugida e necessitada, este é que é grande no reino de Deus. Não podemos
nos apegar à idéia de que ser criança é ser tola, (o) é ser infantil. Existe
uma diferença entre ser infantil e ser como as crianças. Ser infantil é ser
imaturo e recusar-se a assumir a plena responsabilidade pelas próprias ações.
Ser como a criança é assumir responsabilidade e ao mesmo tempo ser capaz de
entregar-se, de abandonar-se e ser dependente de alguém, ser autêntica, ser
transparente, viver as emoções. Ser infantil exige pouco esforço, mas é preciso
força para nos abrir às emoções como fazem as crianças. “Os atos infantis
afastam, enquanto que as ações próprias das crianças atraem”.
Como
você se sente aos olhos de Deus: grande ou pequeno (a)? Você já experimentou
ser como uma criança? Você acha que ser sábio nas coisas de Deus vai lhe ajudar
na sua salvação? – Você se sente dependente de Deus, abandonado (a) em Suas
mãos? Você é auto-suficiente? Em quem você confia?
A
lição prática que podemos levar para a nossa vida hoje é: fazer-se pequenino;
não desprezar nenhum pequenino; melhor do que se manter num lugar seguro,
tomando cuidado para não se perder, seria sair em busca dos pequeninos que se
perderam, e resgatá-los.
Pai poupa-me de cair na tentação de querer fazer-me
grande aos olhos do mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em fazer-me
criança, pequeno, amigo e servidor do meu próximo.
FONTE
: homilia.cancaonova.com
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